A D.ª Beatriz.

Tem 84 anos, mas tem a memória mais viva do que a de metade dos que neste blog participam. Vive mesmo ao pé do Cabrita, e quem tiver oportunidade para lá passar, acho que deve fazê-lo. Sò não me lembro do número da porta. (Lá está... Ai, esta memória...)
Enfim, dizia eu que qualquer pessoa devia visitar a velha senhora, mas tomai cuidado. Quem lá for, que leve pelo menos três horas de disponibilidade, não vá a D.ª Beatriz ter que deixar a história da sua vida a meio. Sim, porque em pouco mais de uma hora de conversa, (ou melhor, de monólogo esporadicamente intercalado com automáticos acenos de cabeça e alguns "Não se preocupe, que a gente veio cá mesmo para conversar consigo"), ficámos a saber a história do seu casamento; da vida e morte do marido, com todos os pormenores ("Estava eu a abotoar-lhe o segundo botão do pijama..."); da sua desafortunada queda e de todos os meses de fisioterapia, os nomes dos vários médicos que a trataram, a sua alegada depressão (cuja existência se lhe afigurou evidente depois de um programa da Maria Elisa, "Parece-me que foi há cinco semanas...")... Mas estou certo de que muito ficou por contar. A modos que, para que um dia possamos todos ser novelistas de sucesso, apelo para que todos visitem a D.ª Beatriz. E, já agora, levem-lhe um docinho, qualquer coisa, até pode ser aletria.